O percurso de uma vida de sonho!
O meu percurso na dança começou desde muito cedo.
Desde muito nova, sempre reagi à música, e não tardou muito até começar a sentir-me uma estrela enquanto copiava as coreografias do panda e os videoclipes da música que a minha mãe costumava ouvir.
Aos 4 anos, inscreveram-me numa aula para crianças na ALC do Porto, mas infelizmente apanhava a hora do meu soninho de beleza e por isso foram mais as vezes que fiquei a dormir do que aquelas que apareci.
Aos 5 anos foi quando tudo mudou. Comecei a levar a dança muito a sério quando fiz a minha primeira aula de ballet.
Lembro-me de ser uma criança muito trapalhona e por vezes distraída, mas ao mesmo tempo muito persistente e dedicada, o que me levou a realizar o meu primeiro (de muitos, ao longo dos anos) exame de ballet.
Entretanto, a minha mãe começou a trabalhar no ALC lounge, e eu comecei a passar uma grande parte do meu tempo lá com ela, a ver as aulas de crianças e adultos, os ensaios da companhia, Afrolatin Connection, e a estudar no degrau da escada na minha típica espargata.
O bichinho pela dança começou a crescer cada vez mais e mais, e apenas o ballet já não era o suficiente. Comecei a experimentar outras modalidades, inscrevi-me nelas e em pouco tempo já saía da escola e passava o resto das minhas tardes a praticar o que mais gostava.
Ao longo dos anos passei por quase todos os diferentes estilos, desde Dance Fit Kids, Latin Kids, Dança do Ventre, Hip-Hop, Power Teen… levando-me até aos palcos para participar nos espetáculos. A partir daí os momentos de atuação tornaram-se os pontos mais altos e mais felizes do meu percurso, desde todo o progresso de criação, à ansiedade antes de entrar em palco, até ao momento da performance onde deixo de pensar em todas as preocupações e nervosismos e me deixo levar por aquilo que amo fazer.
Não demorei muito a perceber que para mim a dança nunca tinha sido só um hobby e que era o que eu queria fazer da vida.
Assim senti que precisava de uma formação mais aprofundada e séria. Foi nessa altura que com alguma pesquisa encontrei o Ginasiano, uma escola de ensino artístico especializado, articulado com o ensino regular. Assim sendo, na altura de entrar para o meu 5º ano, fiz também a audição para esta escola e acabei por entrar.
Foi uma adaptação um pouco complicada, porque não só era o Ginasiano um mundo novo para mim, como também não conhecia ninguém em nenhuma das escolas. Foi uma época difícil mas assim que me senti integrada, tornou-se numa das melhores decisões que tomei.
Proporcionou-me também oportunidades incríveis, tais como as viagens à Polónia e a Barcelona. Aos 14 e 15 anos tive a possibilidade de fazer as minhas primeiras viagens relacionadas com a dança, acompanhada de professores e de amigos com quem tenho vindo a partilhar o meu percurso. A oportunidade de experienciar outros países, a sua cultura dentro do mundo das artes e fazer aulas em diferentes escolas, com alunos residentes, e as diferentes modalidades, foi dos melhores, mais importantes e mais relevantes momentos durante todo a minha formação.
Uma das melhores experiências de palco que tive e que mais me marcaram, foi sem dúvida o meu primeiro solo, num evento do Muxima, o Tá Fixe. Tinha apenas 10 anos e lembro-me perfeitamente da emoção e dedicação que senti durante todo o processo de aprendizagem, até ao momento da apresentação, onde me senti completa.
Desde aí tive também o prazer de partilhar o palco com um dos meus primeiros professores e, acima de tudo uma das pessoas que mais me incentivou, ensinou, e nunca desistiu de mim durante todas as minhas aprendizagens, o Edu. Fizemos duas coreografias, a primeira uma adaptação do meu primeiro solo, e a segunda uma criação de ambos, que tivemos a oportunidade de apresentar no Muxima e no World Hug Dance Festival.
Estes foram momentos que me fizeram acima de tudo crescer tanto como intérprete e artista mas também como pessoa, e são os primeiros em que penso quando enfrento dificuldades e dúvidas durante o meu caminho. Nem sempre tudo foi claro e uma coleção de apenas boas experiências e oportunidades, as frustrações, decepções e insucessos também ocuparam o seu lugar.
No fim do meu 9º ano fiz uma lesão em aula que me fez duvidar de mim e da continuação da minha formação durante o secundário. Apesar de ter decidido continuar no Ginasiano os anos seguintes não foram fáceis. A lesão acabou por não ser algo simples, e implicar longos meses de fisioterapia, consultas de ortopedia e a possibilidade de operação. Tornou-se um 10º ano completamente desmotivante e, ao contrário do que esperava, o 11º não melhorou. Com a pandemia, as aulas online, os trabalhos extra, e a lesão, passei uma péssima fase. A ideia de desistir tornou-se cada vez mais a resposta mais fácil e que parecia mais certa, e sendo honesta o único motivo pelo qual continuei foi o facto de ter de voltar ao início do 10º ano, num outro curso, se desistisse nesta altura. Foi com a ajuda e incentivo da minha família, dos meus pais e dos meus professores mais próximos que consegui ultrapassar este período e colocar de novo a minha paixão como prioridade.
Recentemente, estou a ter a oportunidade de participar no projeto “Bohéme”, onde partilho o palco com família, e artistas que desde sempre tive como referência para o meu percurso. Para além de maturidade, novas experiências, versatilidade, e muita dedicação este projeto fez-me ter, agora mais forte que nunca, a certeza de que quero seguir a dança como vida.