A Dança na vida da Criança!
“Disseram-me que já não ia cedo, que tinha que me esforçar muito, mas que era possível...”
Ao contrário do que era expectável, não comecei o meu percurso na dança muito cedo. Tinha 11/12 anos, enquanto andava na escola preparatória, EB 2/3 de Valadares, quando me inscrevi numa turma de dança extra curricular.
Quem comandava essa aula era uma professora de educação física e os alunos coreografavam, conforme o que estava na moda e viam nos videoclipes. A professora dava apoio no sentido de organização, coordenação de grupo, etc.
Aquela turma existia, essencialmente, para colocar as crianças a mexer e, também, para que pudessem dançar nas festas que a Escola organizava. Por estes motivos, como podes imaginar, não era nada muito técnico.
No entanto, a partir dessa altura, surgiu em mim um enorme gosto pela dança, talvez por todo o amor que ganhei àquela professora e aos meus colegas. Não queria perder aquilo por nada mas, infelizmente, chegou ao final o 9° ano.
Lembro-me de me ter sentido completamente perdida… Eu não queria deixar a “dança”, mas tinha consciência de que tinha que optar por novos caminhos.
Então, com a ajuda incansável dos meus pais, decidi encontrar novas opções!
Foi aí, com mais ou menos 15 anos, que descobri o Ginasiano, uma escola de dança profissional que formava professores e bailarinos, articulado com o ensino regular. Após fazer a audição… Entrei!
Disseram-me logo que já não ia cedo, que tinha que me esforçar muito, mas que era possível alcançar o mesmo que as meninas que começavam a dançar a partir dos 3 anos.
“Pirouette, pliê, port de bras, arabesque, retiré..” - WHAAAAT?!
Ao fim de algum tempo, apercebi-me que aquilo não se enquadrava comigo, na verdade, tinha sido uma desilusão. Sentia que era um ambiente demasiado rígido, demasiado técnico, demasiado rigoroso. O foco daquela Escola era o Ballet e a Dança Contemporânea e o que eu queria era algo mais animado, mais mexido!
Maaaaas, como não sou muito de desistir e os meus pais também nunca me incentivaram a tal, cumpri todos os níveis que me foram propostos. E sinceramente, foi a melhor coisa que podia ter feito!
Foi aquilo que deu ao meu corpo tudo o que eu sou como dançarina - força, flexibilidade, postura, consciência corporal, etc. Assim como, a disciplina que aprendi a ter, seja como bailarina ou mesmo a nível pessoal.
E claro! Não me posso esquecer das Danças de Salão.
Quase “obrigada” pela minha mãe, fui experimentar (na altura, em que frequentava o Ginasiano) uma aula de Danças de Salão, e posso dizer que, aquilo sim, até hoje foi o meu grande amor. Gosto muito daquilo que faço, mas as Danças de Salão têm, sem dúvida, um encanto especial. Sendo que esta modalidade também me deu muitas bases para conseguir ser aquilo que sou hoje.
A partir daí, vocês já sabem como a minha vida na dança se encaminhou, já contei várias vezes.
Baseando-me na minha história e no meu percurso, na minha opinião nunca é tarde para começar a dançar. Aprendemos sempre, e acaba por ajudar no desenvolvimento do nosso corpo.
Contei-te a minha história, para te mostrar que mesmo uma menina de 15 anos, que nunca tinha feito uma espargata na vida, com uma flexibilidade de uma idosa acamada (risos) conseguiu frequentar e acabar um Curso numa Escola especializada maioritariamente em Dança Clássica.
Para mim, a idade ideal, para uma criança começar a dançar é, normalmente, aos 3-4 anos, por inúmeras razões:
- Na Dança, a criança aprende a ter disciplina, de uma forma que só um desporto ou atividade deste estilo pode dar.
- O corpo da criança está muito mais pronto para ser trabalhado. Ou seja, como ainda não está desenvolvido, o corpo é formado de acordo com o que pratica. A coordenação, flexibilidade, postura e ritmo estão desde cedo a ser introduzidos no corpo da criança, o que torna o processo mais fácil.
- Faz com que as crianças sejam muito mais sociáveis, desinibidas, focadas e autoconfiantes. Hoje em dia, é fundamental.
Ao praticar dança, seja ela qual for, a criança aprende que é normal errar e que precisa de tentar novamente. Passa a ser capaz de lidar com os erros, pedir ajuda, aceitar críticas construtivas e aprender com elas. Ensina a importância da prática, da disciplina e do foco. Com perseverança e motivação, as crianças são cada vez mais capazes de resolver problemas de forma proactiva. Dançar estimula a criatividade, incentivando a criança a desenvolver sensibilidade estética e apreciação pela arte.
Tudo isto, torna-se parte da vida da criança, e promove o seu desenvolvimento de forma completa e, principalmente, de uma forma saudável e divertida. Para além disso, são grandes habilidades para a vida adulta.
Mas volto a repetir: se não começamos com 3 ou 4 anos, não faz com que já não seja possível, NUNCA É TARDE!
Lembra-te sempre da Idosa Acamada (risos)
Comments
Eduardo Holanda - April 07 2021
Eu disse te Catarina Braga. Sou o teu companheiro acamado. E claro, conforto com tds os pontos e vírgulas, citado no texto acima.
😽🧡
Bruno Sousa - April 07 2021
😍😍😍 uma história que fazer qualquer um ter vontade de começar o seu percurso na dança independentemente da idade
Paula Loureiro - April 07 2021
Muitos parabéns, Catarina!
Gostei muito do teu testemunho, quer em relação as vantagens que dança proporciona às crianças desde tenra idade, quer em relação à parte do nunca é tarde para começar a dançar!
Muito obrigada!🙏🏽🤗🥰