Olá, o meu nome é Andreia e eis que chegou a minha vez de falar um pouco sobre mim.  

Para quem me conhece, sabe que faço parte do grupo de professores ALC Dance Studios. No entanto, a maioria não sabe qual a minha atividade profissional. E acreditem, vão ficar surpreendidos.

Para calçar o sapatinho de tacão, primeiro preciso despir a farda e tirar as botas. Sim, sou Agente da Polícia de Segurança Pública (vozes de espanto 😊).

Sou polícia desde 2004 e estive em Lisboa até final de 2009, altura em que regressei a casa, ao Porto.

Por muito feliz que estivesse por regressar, a adaptação não foi fácil, tendo passado por uma fase um pouco menos estável. Foi nessa altura que descobri a ALC Dance Studios.

Sempre gostei de dançar, pese embora as únicas aulas de “dança” que tinha feito eram as existentes no ginásio que frequentava e, por isso, mais ligadas ao fitness. Decidida a experimentar algo novo, e motivada pelos vídeos da Sara López, que inundavam as redes sociais, fui à procura de uma escola onde pudesse dar os primeiros passos num estilo de dança que dava pelo nome de Kizomba, mas do qual pouco ou nada sabia, apenas sabia que gostava da batida.

Feita alguma pesquisa, encontrei a ALC. Parecia porreira, não ficava assim muito longe de casa e por isso lá fui à aventura. Para verem o meu nível de ansiedade e “cromice” vou contar-vos que saí de casa com 1h de antecedência para descobrir o caminho, possibilidades de trânsito e tudo o mais que possam imaginar, inseri a morada da escola no GPS e 10 minutos depois estava a estacionar frente às instalações da ALC. É verdade, morava super perto!

Comecei com os professores Nuno e Nágyla e a eles devo o profundo amor que desenvolvi por este estilo.

Mas falando um pouco da minha profissão.... Ser polícia não é fácil. Sei que a maioria das pessoas pensa que passo o dia a chatear o cidadão com multas, que somos frios e não temos qualquer pingo de compaixão. Não podiam estar mais errados. Ser polícia é muito mais que passar multas. Também o faço quando é necessário, mas também ouço os lamentos de quem nos procura, também sofro quando não conseguimos fazer mais, também vibro com um desfecho feliz.

Sei que parece um cliché, mas ser polícia é ser bom e mau, é ser conselheiro, psicólogo, é dar raspanete e segurar a mão, é dar esperança e muitas vezes ter de tirá-la. É lidar com a frustração de quem está desesperado, os insultos de quem não tem educação, mas também receber o obrigado daqueles a quem conseguimos ajudar. São as mudanças de turnos, as noites passadas a trabalhar, o frio e o calor, os natais e passagens de anos, o falhar de festas de família porque estou a zelar pelas famílias dos outros.

Podem responder dizendo, “mas foste tu que escolheste esta profissão”. E eu retribuo dizendo que tenho o maior orgulho naquilo que faço, na farda que envergo, mesmo com todas as implicações menos boas.

Mas é aqui que a dança entra e os dois mundos se fundem.

A dança permite-me abraçar a leveza e despreocupação e ajuda-me a esquecer um dia menos bom ou mais cansativo. O ensinar adultos leva-me a conhecer novas estratégias para lidar com os cidadãos.

Quando danço ou ensino a dançar trago também a minha profissão para a sala de aula. A rigidez que me habitava (e ainda habita 😊) como aluna veio deste meu lado mais “militar” assim como o perfecionismo (agora sim, vocês alunos, irão entender porque sou tão chata).

Na ALC encontrei um local onde sou feliz, feliz a dançar, ainda mais feliz a ensinar, pois sinto que também aqui estou a ajudar. Ajudar os alunos a também eles deixarem as suas frustrações e tristezas fora da sala, a rir, a ganhar autoestima, enfim, a serem felizes. Aqui recarregamos energias para mais um dia de trabalho. Aqui, por vezes, voltamos a ser crianças. Aqui tratamos da nossa saúde mental.

Assim se fundem os meus dois mundos, os meus dois amores. E esta sou eu…ou pelo menos, um bocadinho de mim. 😉